Os dias negros de Omar SayyidA Chapter by Rui SerraSayyid tentava, no meio de algum esforço,
ver o seu corpo no pequeno espelho que estava pendurado na casa de banho do
Hércules C-130. A sua estatura, elevada, dificultava a tarefa, no entanto
Sayyid conseguia vislumbrar o quão magro estava. O corpo esguio e a barba
grande, faziam-no aparentar ter uns cinquentas e poucos anos, embora só
completasse os quarenta no próximo ano. Afastou-se para se poder ver melhor,
parando apenas quando embateu de costas na porta da casa de banho. Estava na
última, pensava para consigo. Tinha sido resgatado no limiar das suas forças, e
agradecia a Deus por isso. Deu dois passos e inclinou a cabeça. Os olhos
castanhos estavam cansados do sofrimento dos últimos dias e as marcas negras
eram disso a prova viva. As sobrancelhas, ou o que restava delas, estavam em
concordância com a barba “desarrumada” e que já deixava antever uns quantos
cabelos grisalhos. Sayyid pensava no que o seu pai lhe havia dito: “estuda meu filho, estuda, que o teu futuro
são os estudos”. E foram os estudos, a educação, o estatuto da família, que
o levaram a onde se encontrava agora. Tantas competências, tantos sonhos e
ambições para agora estar neste sofrimento. Sayyid sentia a alma feita em bocados
e apenas pensava, o que pode uma prisão fazer a um homem! © 2016 Rui Serra |
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Added on May 19, 2016 Last Updated on May 19, 2016 AuthorRui SerraBrinches, PortugalAboutpensador . escritor . fotógrafo thinker. writer. photographer more..Writing
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