EncurraladoA Chapter by Rafael Castellar das NevesEra escura e estreita, de formas familiares, mas de cheiros repugnantes, a viela em que caminhava. Foi quando caiu a densa neblina cinzenta que pesava aos olhos e aos pulmões, Seguida de um puro silêncio absurdo que tomou todas as atenções dos ouvidos ao se fazer presente.
Ao parar, passos continuaram, Apavorado o corpo estremeceu.
À consciência, pensamentos sob o disfarce da corretude imposta sussurravam os fracassos e as faltas de uma vida. Às pernas, mãos de outros tempos se seguravam. À espinha, o insuportável arrepiar de lembranças forçosamente esquecidas suavemente deslizavam. Ao coração, finas e dolorosas agulhas da indecisão sobre o próprio existir se atravessavam. Aos joelhos, pedriscos do asfalto áspero a condenar e a sacramentar a queda arranhavam.
Aos olhos, a ofuscante e brilhante luz da esperança, que afastava a escuridão e anunciava a nova chance, absolvição própria, se formava conduzida pela persistente e fiel mão direita que, simplesmente por acreditar, insistia incansável em lutar.
Cotia, 17 de agosto de 2011. © 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on December 3, 2015 Last Updated on December 3, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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