O Ceifador de Sonhos

O Ceifador de Sonhos

A Chapter by Rafael Castellar das Neves

 

Nos tempos de terra árida e ventos frios,

Quando pouco do que resta é ainda banhado pelo lento sol fraquejante

Que se arrasta de um cardeal para outro,

É que se revela o ceifador de sonhos.

 

 

Um que há tempos chegou manso e gentil,

Quase sem ser notado, quase sem nada pedir,

Disfarçado de um bem querido, de mãos estendidas para junto lavrar [presente da vida].

 

 

E é daí que assume sua verdadeira forma, personifica-se o horror da mentira.

Lança por sobre a quase seca planície seu impiedoso alfanje sedento,

Pondo abaixo os bravos brotos e talos agonizantes, que persistiam às insuportáveis pestes, sob à arrebatadora escassez.

 

 

Mais terrível que o anjo da morte, deixa uma única vida,

Condenada à eternidade da própria existência,

A conviver com o amargor das lembranças de um tempo em que ainda pairavam esperanças,

Desgosto do que um dia antecipou uma colheita.

 

Assim, resta à vida da estéril planície, cemitério de seus sonhos, partir, cercando-a com o mais grosso e resistente farpado;

Não para preservá-la, mas para proteger-se do próprio retorno.

 

São Paulo, 22 de março de 2011.

 



© 2015 Rafael Castellar das Neves


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Added on December 3, 2015
Last Updated on December 3, 2015

Desce Mais Uma! - Terceira Rodada


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Rafael Castellar das Neves
Rafael Castellar das Neves

Sao Paulo, Sudeste, Brazil



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Nascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..

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