PorquêsA Chapter by Rafael Castellar das NevesUma vez fundamentada a consciência da existência própria em um meio nada único, mas única e primordial na própria vida, passam os porquês a serem formados desordenadamente e diabolicamente inseridos de forma conflitante aos momentos pelos quais se passa, tornando-se elementos perpétuos e armas contra sigo mesmo que exigem cuidados extremos ao serem, no mínimo, considerados. Muitos foram os indexáveis e inevitáveis porquês que me atormentaram e de mim exigiram uma grande e preciosa parte da vida e de mim mesmo, em vão! Sim, em vão, pois de mim eles tanto tiraram, mas nunca foram tirados e nem respondidos. Ao menos serviram para deixar cicatrizes que deste processo e suas consequências me fazem lembrar. Como a qualquer porque, responder a estes se resume a simplesmente encontrar a raiz que o causa: olhar de perto, com atenção e dedicação, todas os eventos, variáveis e elementos que possam estar envolvidos e deste aglomerado de informações tentar entender a dinâmica e o como se relacionam para, assim, obter esta raiz e a ela tratar, erradicando o tal porquê. Simples, certo? Sim, simples, mas extremamente custoso. Estes porquês, como todos bem sabemos " e, neste ponto, o leitor, naturalmente, já consegue ter em mente uma lista daqueles que o persegue ", de triviais não têm nem o nome. A complexidade que os cerca e os compõem se dá pelo emaranhado de informações emocionais que se formam e se transformam entre si durante toda uma vida. Não são isoladas e nem momentâneas, mas extremamente carregadas do que realmente somos, permeando nossos mais profundos e obscuros cantos " que assim os são por desconhecimento ou por simples ignorância proposital justificada pela dor que já causaram. Desta maneira, enveredar-se em busca das respostas para este tipo de porque é uma tarefa árdua e cara! Requer custos altíssimos que não temos a ideia de quanto representam e que nem sempre estamos preparados para com eles arcar. Destes custos, o que mais salta aos olhos e mais representa para o “viver” é o tempo, e tempo é algo de que pouco dispomos, pois sabe já o leitor que a vida é curta e preciosa. E sim, tentado a obter as respostas que julgava poderem, inclusive, abrir minha mente e melhorar o meu caminho, dediquei tempo e atenção a alguns destes porquês que me incomodavam e julguei serem de importância relevante; mas o que obtive, no melhor dos casos, foi estagnação, ademais, retrocesso e deterioração da minha vida. Estes porquês não são apenas consumidores insaciáveis do nosso precioso tempo, mas são amarras extremamente fortes com nosso passado. Um passado incompreendido e que deveria simplesmente ser guardado em um baú, dentro de um quarto escuro para, vez ou outra, ser observado de longe para referência ao hoje. Colocar-se a responder estes porquês ou, ao menos, tentar entender as razões de suas existências, não é nada para se orgulhar, pelo contrário é parar em um canto escuro qualquer do próprio caminho e nele se assentar, pondo-se a remoer, a lamentar e alienar-se, enquanto as oportunidades, as pessoas, os sentimentos, os momentos e possibilidades passam, bem ao nosso lado e sem nos darmos conta. E se nos dermos conta, já serão passado e nem mesmo as pegadas existirão para serem seguidas. Tudo isso por um entendimento que, muito provavelmente, nunca virá, e se vier, não valerá o preço que foi pago. Às duras custas, hoje entendo que estes porquês sempre existirão e ao decidir em responder um destes porquês, devo analisar bem a importância que ele tem e, principalmente, a utilidade que sua resposta poderia trazer para mim, para então olhar ao meu redor e contabilizar minha vida a fim de identificar se tenho algum trocado para gastar com ele. Realmente tenho este entendimento, e por esta única razão simplesmente rio, sem nenhum pesar, destes porquês, mas sem deles zombar. Apenas sei que existem por algum motivo importante e, por isso, os considero como importantes referências, mas sem com eles desperdiçar um minuto sequer da minha preciosa existência, e muito menos daquelas que me cercam. Por isso, vivo cada momento, saboreio cada curva do meu caminho, monto cada cavalo selado que por mim passa em disparada, sem trazer arrependimentos em minha bagagem " estes eu deixo para trás jogados a apodrecer às beiras da minha estrada ", levando apenas o que realmente me mantém firme neste movimento desenfreado que chamo viver.
Aos porquês deixo apenas minha ciência sobre as suas existências, às suas respostas minha mais sarcástica ignorância; pois respondê-los é amarrar-se a um junco qualquer de beira de estrada e a ele permanecer sozinho feito um animal condenado, digerindo a si mesmo a espera do fim. Não foi para isto que vim, vim para cantar!
São Paulo, 24 de janeiro de 2011.
© 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on December 2, 2015 Last Updated on December 2, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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