Uma Esmolinha, Pelo Amor de Deus!A Chapter by Rafael Castellar das NevesBendito seja senhor doutor, Que já perto vem sorrindo aprumado. Homem moço, moço doutor, doutor salvador!
Vê-se logo o homem bom que é, o coração enorme que tem. Vem para acabar com o jejum desta velha desafortunada, Que aqui sobrevive sob sujeiras e doenças que cobrem tudo o que já foi um dia. Cá está minha mão, belo senhor doutor, nela nem tocar precisa!
Perdeu o sorriso, senhor doutor? Perdeu o compasso e o prumo? O que foi que viu? Onde?
Venha mais perto, senhor doutor, As feridas impedem meu levantar.
Ah! Não tenha medo, senhor doutor! Desculpe-me pela vestimenta, são os panos que me restam. Desculpe-me o cheiro, nem que pudesse, não tenho como me banhar. Desculpe-me a doença, tapo minha boca!
Não, senhor doutor, não se vá! Apenas uma esmolinha, pelo amor de Deus! Qualquer trocado ajuda, qualquer coisa já me serve, Não dê as costas a esta velha condenada.
Ah, o senhor doutor tem pressa! E agora se vai feito um rato assustado, Rastejando desengonçado pela imundice do meio-fio.
Não há de ser nada. Quem sabe na volta, quem sabe amanhã, ou quem sabe em outra vida, Maldito senhor doutor!
São Paulo, 17 de maio de 2010.
© 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 30, 2015 Last Updated on November 30, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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