Encantadoramente Passageira

Encantadoramente Passageira

A Chapter by Rafael Castellar das Neves

Foi mais cedo, a última vez �" o mundo ainda se aquecia quando cheguei à plataforma.

Em minha espera, no mesmo instante em que imaginava como seria incrível e impossível encontrá-la mais uma vez,

Senti-a flutuando às minhas costas, quase despercebida, em seu encantador bailar.

 

E pela terceira vez naquela semana, as folhas do livro, novamente ignorado em minhas mãos, viravam-se descontroladas ao vendaval do trem que urrava túnel a fora.

 

Seus cachos dourados apenas balançavam, gentilmente, como que acariciados,

Úmidos e únicos moviam toda a paisagem.

 

Seus olhos claros, amendoados pelo amanhecer arrastado e reluzentes como em uma manhã de verão à beira da praia,

Lançavam um olhar penetrante e sedutor, indiferente ao que se passava, a mim;

Mas que me incendiava por dentro, fervia o sangue e descontrolava os nervos.

 

Sua boca parecia pintura de ligeiras pinceladas geniais,

Com lábios suculentos, deliciosamente prolongados até róseas maçãs delineadas,

Um conjunto especial resguardando um afilado nariz atrevido.

Seus dedos finos e delicados compunham mãos cuidadosamente desenhadas,

Frágeis, de menina, capazes de afagar com pureza;

Firmes, de mulher, que me rasgariam insanamente as costas.

 

Seu corpo esguio, de medidas ponderadas, completava a leveza e derramava a intensa sensualidade das formas dionisiacamente moldadas, e sensualmente reveladas por leves e comportadas vestes despropositadas.

 

E novamente, em meio a tudo, me encontro empurrado vagão adentro,

Violentamente trazido a mim pela massa.

Plataformas, pessoas, vidas e planos se passavam, e ela ali sentada, aproveitando os últimos instantes de calmaria.

Eu, convenientemente posicionado a contemplá-la, a me insinuar, a imaginá-la e a desejá-la.

 

E me toma o desespero à chegada de sua estação, anunciada pelo desventurado condutor.

E como em um pesadelo adolescente, permaneço petrificado,

Apenas a contemplá-la, indo, por mais alguns passos a sumir na multidão.

 

[Suspiro] Bem, voltemos...

Página 136? Não, não... Ah, 138... Isso!

 

Droga, não fui ao banco!

 

São Paulo, 30 de novembro de 2009.



© 2015 Rafael Castellar das Neves


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67 Views
Added on November 30, 2015
Last Updated on November 30, 2015

Desce Mais Uma! - Segunda Rodada


Author

Rafael Castellar das Neves
Rafael Castellar das Neves

Sao Paulo, Sudeste, Brazil



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Nascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..

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