TransiçãoA Chapter by Rafael Castellar das NevesÀs vezes, outro despertar escuro com o amargor à boca Do sangue velho transbordante das feridas latejantes que só fazem lembrar.
À volta, fantasmas entrelaçam-se sorrateiramente em vultos indefiníveis e sabidos. Corpo estremecido e gelado, arrastando-se negado ao adiante. Cabeça torturada por turbilhões de pensamentos e maldições, incompreensíveis, inseparáveis, dilacerantes.
Pedras às mãos, braços rijos emaranhados ao peito desprotegido que se apavora em tornar a ser morada. Sorrisos expulsos pela frieza que toma lugar em todos os cantos, esparramando-se pelas juntas e entranhas. Petrificado por conveniência, arredio por necessidade!
E a lembrança do tudo retorna o que já não era. Mas o tudo já ficou! Só restaram os espinhos encarnados que lembram o tudo passado ao ferir o futuro impensado, numa ânsia incontrolável de proteger o que foi cinicamente despedaçado pela indiferença.
Ainda que liberto de, após sobreviver heroicamente à assombrosa guerra, estagna-se amedrontado frente ao inconsiderado libertar-se para.
E assim, o que ficou ronda; e o que viria equilibra-se ébrio entre a delícia do incerto e a certeza do nunca.
São Paulo, 14 de julho de 2009. © 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 30, 2015 Last Updated on November 30, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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