Paraíso Meu

Paraíso Meu

A Chapter by Rafael Castellar das Neves

Quero todas as pedras no meu chão; nem pense em tirar uma sequer.

Quero a mata densa e selvagem; não me venham com ou veredas paradisíacas que terminam em suas planícies verdejantes.

Quero corredeiras turvas e violentas por entre quedas rebojantes; nada de seus córregos mansos e cristalinos.

Quero dunas nômades e escaldantes, famintas de mim; não me venham com estradinhas de chão batido por entre pastagens baixas.

Quero montanhas escorregadias, cobertas de rochas soltas, paredões; não quero um caminho sinuoso com corrimões do século passado.

 

Quero tropeçar em minhas pedras, quem sabe desviar de algumas outras.

Quero abrir minhas picadas mata adentro; por a mata a chão, construir minha planície.

Quero atravessar as corredeiras, aprender por onde nadar, onde escorar. Desviá-la e criar o meu riacho.

Quero vagar pelo meu deserto, duna a duna, até conhecê-las todas, por nome, e atenderem ao meu chamado.

Quero subir todas minhas montanhas, fazer rolar todas as rochas soltas, conhecer cada trinca do paredão, colocar minhas próprias estacas para a próxima subida.

 

E quando tiver medo, quando cair, quando me arrebentar,

Vou tomar um fôlego do tamanho do mundo, vou firmar minhas pernas, uma a uma, e vou me levantar, limpar meus joelhos ralados e continuar.

Não negarei as mãos que me estenderem, mas as ferramentas.

 

E quando o abismo vier, vou correr com toda minha força em sua direção,

Às gargalhadas, com olhar fixo, peito aberto, alma leve, sem olhar para trás

E vou saltá-lo em um voo memorável, despejando sobre ele minhas derrotas e minhas dúvidas,

Deixando um rastro do meu mais puro sarcasmo!

 

E quando, entre meus tombos, me for negado o direito de continuar, poderei parar de respirar tomado pela incrível leveza de poder amar com toda a minha intensidade tudo o que conquistei em mim.

Não me lembrarei dos meus tombos, nem das minhas pedras, nem das minhas lágrimas �" quiçá seus motivos.

Mas me lembrarei de como foi maravilhoso me levantar naquela manhã.

 

 

São Paulo, 23 de maio de 2009.



© 2015 Rafael Castellar das Neves


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Added on November 30, 2015
Last Updated on November 30, 2015

Desce Mais Uma! - Segunda Rodada


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Rafael Castellar das Neves
Rafael Castellar das Neves

Sao Paulo, Sudeste, Brazil



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Nascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..

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