Mais um Dia de Verão PaulistanoA Chapter by Rafael Castellar das NevesPassa das seis da manhã e o Heródoto continua insistente no rádio relógio atrapalhando a extensão da minha noite mal dormida por causa calor. Arrasto-me da cama para o banheiro e percebo o sol intenso e branco que invade pela janela do apartamento abafado. Com muito esforço, lutando contra a sonolência, compreendo que estou no começo de mais um dia daqueles. Já mais acordado e trocando de roupas, abro a janela do quarto para ver o tempo lá fora e sou recebido por uma pancada de ar quente e seco que irrompe sem pedir licença e me entorta a boca em decepção. O céu está limpo e de um azul esbranquiçado. O sol está forte e claro, já alto e castigando o mundo. A lua ainda paira alta e ousada. E por mais incrível que seja pronto para partir e de mochila nas costas, pego meu guarda-chuvas e vou para a luta! E lá se vão as quatro quadras até o metrô, com direito a uma ladeira irritante e calçadas irregulares, cheias de buracos, hoje adornadas por galhos e lixos da noite anterior. Mesmo procurando por sombras, chego ao metrô completamente molhado de suor. E este calor, este suor, esta sensação de desconforto me persegue durante todo o dia, como se a correria do trabalho não fosse suficientes. E não são! O dia se passará com todas as reclamações possíveis e logo mais, os céus anunciarão mais um despejo insatisfeito de águas e ventos por toda a cidade. Raios completarão o espetáculo que será concretizado pelo caos. Ruas estarão inundadas, veículos danificados, transporte impossibilitado, casas invadidas pela água que destruirá aquilo que se levou uma vida para conquistar, pessoas estarão ilhadas sem poder ao menos voltar para casa, crianças presas nas escolas, trânsito, rios enfermos " ditos como curados ", imundice e doenças pelas ruas e calçadas, famílias desamparadas, mortes e revoltas! E assim será mais um dia de verão na cidade de São Paulo. Um verão mais intenso que os outros, é verdade, mas com os mesmos problemas de sempre, já tão conhecidos pelos concidadãos, aos quais só restam a criatividade e a coragem; pois, a ajuda não virá! Os tributos inconcebíveis e excessivos (em quantidades e valores), não são suficientes? Que tal aplicá-los devidamente conforme as propostas que os justificaram? Novas regras para o IPTU são sancionadas, mais um aumento das tarifas de ônibus e metrôs é imposto. Mas as casas e ruas continuam sendo inundadas e destruídas, os ônibus mal conseguem circular " nem vou considerar níveis de conforto " e agora nem o metrô funciona! Minha ignorância não me permite entender por que serviços e tributos com extrema importância, segundo sua essência, são passíveis de aumentos, ainda mais quando mais necessários. Oportunidade pela oferta versus demanda? Ou algum tipo de penalização governamental ao cidadão pela destruição da natureza? Não! É castigo mesmo! Façamos nossa parte (pagar) e eles fazem a deles (cobrar), e nos preparemos para aventura do dia! Abraços a boa-sorte a todos nós!
São Paulo, 04 de fevereiro de 2010. © 2015 Rafael Castellar das Neves |
Stats
60 Views
Added on November 30, 2015 Last Updated on November 30, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
|