A Pena que Lhe Cabe

A Pena que Lhe Cabe

A Chapter by Rafael Castellar das Neves

Ei, carcereiro! Traga-me um pedaço de pano velho.

Permita-me pelo menos uma noite aquecida,

Estas pedras são úmidas e frias.

 

Que tal um pedaço de pão duro?

Meu estômago dói, aquela sopa e mim já não para

E o limbo das pedras já não mais tempera minha língua calejada.

 

Ei, carcereiro camarada! Uma caneca de água da sua torneira seria providencial.

Há tempos não sei o que é uma água amarelada,

Esse grosso lodo que me serve se arrasta pela minha garganta.

 

Não, não jogue esta ponta de cigarro!

Chute-a para mim, deixe-me sentir novamente a fumaça entranhar-se pelo meu corpo,

Acariciando meus nervos esfarrapados.

Deixe-me sentir algo!

 

Ei, velho carcereiro! Conte-me uma de suas histórias,

Deixe-me conhecer um pouco de você, minha mente viajaria por caminhos diferentes.

Conte-me uma piada sem graça!

 

Bem que você poderia afrouxar estas algibeiras,

Não tenho para onde ir, nem como ou porque fugir!

A grade é demasiada grossa, cada pedra desta parede pesa mais que dois de mim.

 

Ei, amigo carcereiro! Estamos juntos há tanto tempo, não me negue um favor,

Só me resta a eternidade da minha vida para toda a minha pena pagar.

Conceda-me um gosto, um gozo, apenas desta vez!

 

Não ria! Não dê de ombros! Não me dê suas costas, volte aqui!

Não, por favor, não apague a vela! Não!

Carcereiro? Carcereiro?

 

Foi-se, maldito carrasco!

 

 

São Paulo, 02 de abril de 2009.



© 2015 Rafael Castellar das Neves


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Added on November 26, 2015
Last Updated on November 26, 2015


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Rafael Castellar das Neves
Rafael Castellar das Neves

Sao Paulo, Sudeste, Brazil



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Nascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..

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