![]() Na PraçaA Chapter by Rafael Castellar das NevesLá vai mais uma vez o movimento de fim de tarde pela praça. Um alvoroço de pessoas cruzando-a rumo ao ponto de ônibus e metrô, Excitadas rumo ao lar, à família, aos amigos, aos amores.
Fracos raios alaranjados do sol cruzam as densas copas das árvores Amornando as já gélidas brisas de outono. Uma mistura que preenche meu coração e desperta sensações adormecidas em meu corpo. Sensações de um tempo em que tudo era possível, tudo era seguro e tudo era vida.
Aos poucos as cabeças diminuem, a escuridão se aproxima O alaranjado evade os céus e toma lugar nos postes, agora, Folhas desprendem-se ao vento frio, Os barulhos são diferentes, são aqueles dos que bebem nas esquinas, esquivando-se do retorno.
As horas passam, os bares se calam, apenas uma ou outra lamentação ébria. Complexas arquiteturas dos antigos edifícios dão lugar a formas assombrosas, Prostitutas e travestis tomam postos sob os postes, como enfeites sob um abajur. Sombras abrigam agulhas e restos amassados de jornais cobrem corpos trêmulos.
Fregueses vêm, consumidores se vão, A fina névoa traz o frio da madrugada, dividindo lugar o denso silêncio Rompido pela coruja faminta e tosses tuberculosas. Ninguém nas ruas, nada se move, tudo é um nada " uma pintura.
Hora de ir, já vem o sol delator Expondo corpos caídos, frios, entorpecidos, contaminados. Vidas agonizam em películas plásticas.
O leve calor matinal saúda com o ardente odor de urina Aqueles que retornam a mais um dia infernal.
São Paulo, 30 de março de 2009.
© 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 26, 2015 Last Updated on November 26, 2015 Author![]() Rafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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