Saudades de Lá de CasaA Chapter by Rafael Castellar das NevesAh, tempos áureos, memoráveis! Preocupava-me menos e melhor.
Divertia-me em trotes ligeiros Sobre lombo confortável, Respiração ofegante, Movimentos ousados.
Suava o corpo quente, Sob a última fria neblina De um sábado qualquer, Por entre o capim tombado Ao lamber das foices sedentas.
Balançávamos pendurados perigosamente Aos bruscos trancos e solavancos Da carroça descuidadamente carregada, Por forcadas desengonçadas, Feita um morro pontiagudo, sem recosto.
Refrescava-me à beira da lagoa. Sol baixo, água à cintura, Traíras enlouquecidas Pelos restos ébrios de lambaris Em uma dança insana na taboa.
Agora, nos sítios, paira o silêncio, Daqueles que se foram ou desistiram. Não há quem coma o capim, A carroça está empoeirada, As traíras esquecidas.
A vida evoluiu, se sofisticou. Entre concretos e fumaças, Apenas minhas lembranças De uma vida que já foi plena.
São Paulo, 29 de outubro de 2008.
© 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 26, 2015 Last Updated on November 26, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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