Menina da VidaA Chapter by Rafael Castellar das Neves
São os primeiros raios de sol
Que revelam seu corpo estirado, Sob pedaços de jornais e papéis surrados, Por entre galhos do jardim da praça.
Corpo que já foi de menina, Hoje é nem de mulher. Usado, espancado e lambuzado Por demônios que lhe violam na noite.
Corpo fedido, objeto podre, Latrina de vagabundos Que nele despejam As mais repugnantes pestes.
Corpo doente, revestido de feridas Incrustadas, vazantes de pus Que ressecam na sujeira Encarnada em seu couro.
Corpo peneirado pelas picadas, Pútrido pelas pedras que derrete, Atrofiado pela cola que inala, Calejado pela violência que lhe cerca.
A inocência nunca lhe visitou, A infância lhe foi roubada, De boneca nunca brincou, Brincaram.
A face nunca maquiará, Produzida nunca estará, Desejada nunca será, E esposa nunca terminará.
Está condenada por toda vida [se é vida] Pelo crime de ter nascido. Agora me enoja deitada e manchada Pelo seu feminino vermelho mensal.
São Paulo, 26 de setembro de 2008. © 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 26, 2015 Last Updated on November 26, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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