Jardineiro VazioA Chapter by Rafael Castellar das NevesPica terra pilada! Sinta meu enxadão Que brutalmente te viola. Umedeça-te ao meu suor Digno do dinheiro do patrão.
Enriqueça teus torrões estéreis Com o esterco fresco que te presenteio. Deleita-te com a água que te banho, Sede não mais sentirás.
Abra-te para minhas sementes e mudas. Receba-as como filhas. Aconchega-as em teu ventre E as faça crescer fortes e viçosas.
Venham pequenos brotos, Sejam bem-vindos a este mundo cinza. Despontem-se, brinquem ao sol, pequeninos. Abram tuas folhas ao vento.
Definhem entorpecidos com o fumo Pulgões malditos. Apodreçam ervas daninhas, Sufoquem-se no veneno letal.
Às pestes que ousam invadir o jardim: Eu as excomungo desse mundo!
Desabrochem frágeis botões. Banhem-se ao sol morno. Sacudam tuas gotículas de orvalho Que cheias de vida refletem um mundo todo.
Abram-se, tímidas pétalas aveludadas. Transformem-se em coloridas flores delicadas Embelezem nossa vista, façam a paisagem, Como pequenas virgens saboreando o vento.
Pairem tuas fragrâncias sedutoras Para que transbordemos nossos corações Dos mais deliciosos e nostálgicos sentimentos.
[Suspira o jardineiro, contemplando o jardim com o peito amargo] Mas de que me adiantam as flores Se as raízes não possuo?
São Paulo, 21 de setembro de 2008.
© 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 26, 2015 Last Updated on November 26, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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