O ElevadorA Chapter by Rafael Castellar das Neves“Boa-noite” disse ao porteiro ao adentrar cansado o edifício, Enquanto me voltava a fechar o portão. Adentrei ao saguão onde clamei ao botão a presença de um elevador Que ali deveria " obediente " estar em sentido à minha espera.
“Boa-noite” disse o morador ao porteiro ao fechar o portão. Meu estômago fora arrancado. As portas internas do elevador que chegara ainda se abriam Enquanto, eu, alucinado, tentava invadi-lo em fuga.
Tempo tinha, coragem não. Seus olhos me suplicaram a carona, E a educação imposta me obrigou a conter as pernas e a porta. Sem me olhar nos olhos murmurou algo tão estranho quanto o meu.
Apertou o nove. Com o indicador girando, como quem sabe mas não encontra, Aguardava minha resposta que foi meu dedo no oito. Descemos.
Minhas pernas me abandonaram, recostei em ódio. O carona, atleta suado, entrou seguindo o mesmo protocolo. Apertou o doze. Subimos, serei o primeiro! Deus, não nos pare no térreo.
Deveria ser o décimo quando passamos pelo sexto. De olhares fixos no nada, conversamos o silêncio Como garotos nus em um exame médico coletivo.
Medi os invasores, Enjoei-me com o suor que ensebava os cabelos sujos do atleta, Irritei-me com o outro que ainda levava a falsa expressão de simpatia em sua cara covarde.
Voltei-me ao nada. Retorci os dedos uns nos outros a distrair-me, Reli os dizeres da sacola da padaria que já tanto conhecia, Cantei com a banda em minha cabeça.
O tranco revelou: oitavo, ufa! Cheguei e vivo! Que saiam da minha frente e não se atrevam a abrir minha porta, Passo feito boi estourado e múrmuro algo tão estranho quanto os deles.
Imbecis.
São Paulo, 30 de junho de 2008. © 2015 Rafael Castellar das Neves |
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Added on November 26, 2015 Last Updated on November 26, 2015 AuthorRafael Castellar das NevesSao Paulo, Sudeste, BrazilAboutNascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..Writing
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