Recaída

A dor de perder alguém que amamos.

As pontas dos dedos geladas.
O peito respira um ar gélido.
O silêncio é infinito, quase consigo ouvir a batida do coração.
Quase ouço o sangue correr em minha veias. Quase ouço meus poros se contraindo enquanto ando pelo chão. Descalça.
Meus olhos se tornam negros quando olho pro alto, a noite invade minha alma.
A lua está tão linda. Tão grande.
Eu não ouço nada.
Nem digo nada.
Sinto o estômago embrulhar.
Meus olhos prestes a marejar.
Bem na ponta do ouvido ouço você,
Dizer outra vez que me ama, mas não, não estaria ali outra vez. Nunca mais iria estar.
E sua voz repete: "Te amo"
E meu corpo começa a tremer, eu não ouço mais nada, mas ouço você. E meus olhos, lavam meu rosto, e as lágrimas lambem minha mão.
A noite é fria, e tudo ao meu redor é escuridão.
Eu caí de joelhos, senti as pontas dos nervos arderem.
Eu caí de joelhos, senti minhas veias se romperem.
A lua me olha, me ilumina na sacada. Eu tremo entre os soluços e essa friaca.
O vento brinca com meu cabelo.
O vento seca minha face molhada.
A noite está tão linda, mas eu não ouço mais nada.
As estrelas correm, fazem uma dança no céu.
Me arrancam uma ponta de sorriso.
Me arrancam desse desse léu.
E eu sinto mais uma vez suas últimas palavras. Pai, não devia ter ido tão cedo. Tu sabia que para sua partida, eu não estava apta.