De Livro Aberto

Uma pequena história que escrevi. Queria escrever algo que pudesse ter inicio e continuação.

De livro aberto e com o calor da lareira a aquecer a pequena casa, o avô começava a contar a história. Como se os seus netos estivessem ali, de olhos cintilantes, como estrelas presas na escuridão, absorvendo cada palavra como se fosse um copo de chocolate quente numa noite fria.

Já haviam passado incontáveis noites frias e dias escaldantes desde que os seus netos atravessaram a última porta, aquela que não tem regresso, levados pelo vento cruel do destino. O vazio deixado por eles era um eco que nunca se apagava. Sozinho, o avô começara a tecer histórias como quem borda memórias no tempo, agarrando-se à esperança de que, de alguma forma, as suas crianças ainda estivessem ali para ouvir.

Todas as noites, afundava-se no seu cadeirão. Pois aquele não era apenas um assento, mas o seu trono�"o único lugar onde ainda podia comandar o tempo, moldar o destino e, por breves instantes, trazê-los de volta.

Author's Note

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